QUANDO DEVO PROCURAR UM PSICÓLOGO?
- Psicóloga Letícia de Resende Abagge CRP 08/22.370
- 13 de abr. de 2017
- 3 min de leitura

Uma das perguntas que me fazem com mais frequência é a respeito do momento da busca pela psicoterapia.
Muitas pessoas me perguntam qual é o momento certo para buscar um profissional, indagando-me sobre quais os tipos de queixas que podem ser trabalhadas em psicoterapia e, principalmente, em qual momento aquele sentimento ou problema que a pessoa está vivenciando deixa de ser algo “normal” para ser algo que exige a busca por uma ajuda profissional.
Coloco aqui o termo normal entre aspas - para já adiantar que não considero ele formalmente adequado - mas, fato é que tal expressão é bastante utilizada socialmente para se referir àquelas coisas que todos vivenciamos, e que as vezes passam com o tempo, ou apenas basta uma boa conversa com um amigo de confiança, ou quem sabe a leitura de um livro de autoajuda, para resolver-se sozinha, sem a interferência de um Psicólogo.
Mas, continuando, confesso que me surpreendia com a pergunta que intitula este post no começo: “Como assim as pessoas não sabem quando procurar um Psicólogo?”.
Chegava a ser estranho para mim - e por isso sinto que devo, antes de continuar, explicar um pouquinho do porquê.
Resumidamente (bem resumidamente mesmo) eu, Letícia, venho de um contexto familiar privilegiado em certo aspecto, por ter acesso a conhecimentos e recursos que me permitiram ter contato com a psicoterapia desde pré-adolescente. Além disso, por fazer parte desse Universo como estudante e profissional atuante, a psicoterapia é algo bastante naturalizado e valorizado no meu contexto.
Foi procurando a efetivamente responder àquela pergunta que intitula esta postagem é que percebi que sua resposta não é tão simples quanto me parecia.
A Psicologia ainda carrega muitos estereótipos (médico de louco, cof cof!), até por não ser uma ciência tão antiga assim, e ter sofrido diversas mudanças desde seu nascimento. Além disso, o acesso do brasileiro a este profissional ainda conta com o obstáculo do investimento financeiro, que torna esse serviço um privilégio para poucos, muito poucos. Tal cenário vem mudando, e já avançou muito, mas ainda está em evolução.
Portanto, hoje eu quis trazer para vocês um pouco da resposta que fui desenvolvendo com o tempo, e que ainda estou aprimorando, à pergunta: “Quando devo procurar um Psicólogo?”.
Primeiramente, quero esclarecer que não há uma resposta certa e universal para esta pergunta (pelo menos eu não encontrei), pois cada um lida de diferentes formas com as dificuldades que possam surgir em seu trilhar.
Para uma pessoa, o problema do outro pode parecer besteira, pois ele já experimentou em sua história “coisa muito pior”, mas a verdade é que cada um terá seus pontos de maior dificuldade ou facilidade para lidar com as adversidades, com base na sua história de vida. Por isso, nunca sinta vergonha por procurar um Psicólogo, achando que seu problema não é grave o suficiente.
Se eu pudesse dar te um conselho para lhe ajudar na tarefa de formar a sua resposta pessoal para a pergunta, lhe diria para analisar, na verdade, suas respostas a alguns outros questionamentos:
1- Seu sofrimento ou problema já vem acontecendo com frequência, há algum tempo?
2- Ele está afetando outras áreas da sua vida (como no seu trabalho ou com seus relacionamentos)?
3- Você quer e já tentou se livrar dele, mas não consegue enxergar uma saída?
Se você respondeu "sim" a pelo menos uma dessas perguntas, procure sim um Psicólogo, que você não irá se arrepender.
Agora, se a sua situação ainda está nebulosa, e você ainda se sente na dúvida, você pode também agendar uma consulta inicial, e conversar com um Psicólogo antes de se decidir. Não há nada de errado nisso, e você não estará se comprometendo a iniciar um tratamento propriamente dito.
Lembre-se que a psicoterapia é um processo que serve até mesmo para o simples (mas também complexo) autoconhecimento, portanto, na prática, a resposta de “quando devo procurar um Psicólogo?”, depende de você!
Sei que essa decisão é muitas vezes uma das mais difíceis. Reconhecer que precisamos de ajuda pode não ser nada fácil. Arriscar abrir conteúdos íntimos e pessoais com um estranho, um desconhecido, é com certeza um desafio.
Por isso, escolha bem o profissional que você vai buscar, procure indicações e experimente. Lembre-se de que você pode e deve respeitar seu próprio tempo para se abrir, conforme se sentir mais confortável e confiante.
Se “o santo não bateu” com o primeiro, experimente de novo. Só não desista de você. Procurar um Psicólogo é um ato de amor próprio. Se cuidar da saúde física é importante, por que não investir também na sua saúde mental e emocional?
Eu espero ter lhe ajudado,
e boa sorte!
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